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RESUMOS DE PESQUISAS PUBLICAÇÕES:

A EDUCAÇÃO DO OLHAR (IN) VISUAL: A FOTOGRAFIA COMO RECURSO INCLUSIVO PARA DEFICIENTES VISUAIS E CEGOS



Artigo de autoria: Luísa Planella.



PANORAMA SOBRE O CONTEXTO DOS DEFICIENTES VISUAIS E DA ATUAÇÃO DO ENSINO DE ARTE: POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
O Brasil vem apresentando mudanças desde a década de 1980 em relação à inclusão social.
No Decreto Nº 914, de 6 de setembro de 1993, capítulo I, art. 3°considera-se a pessoa portadora de deficiência aquela que apresenta“ (...) perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”.
Durante a formação do arte/educador, poderiam ser oferecidos, em seu processo de aprendizado, conteúdos que o preparassem para trabalhar com acessibilidade.



A VISUALIDADE E A INVISUALIDADE

Considera-se que significativa parte de conhecimento é produzido através dos meios de informação e comunicação. Estes, por sua vez, veiculam diversas imagens do mundo. São imagens que sugerem e
difundem conteúdos que influenciam a cultura. A incapacidade visual não representa, em si mesma, modificações nas possibilidades de aprendizagem do indivíduo, na sua potencialidade de criar e manter relações com os outros, com objetos e circunstâncias que há em seu entorno. No entanto, o indivíduo com alterações visuais carece de ensejos de convívio, porque depende de adaptações para receber os mesmos estímulos e possibilidades dos visuais. Sendo no contexto cultural que o indivíduo desenvolve sua aprendizagem e se posiciona em relação aos outros e ao meio ambiente que vive, então não dispor dos recursos de adaptação é tornar-se excluído da cultura.

A perspectiva que se apresenta neste trabalho é a de que o visual pode ser sentido e “visto” de diversas formas e que estas podem ser meios para a inclusão do deficiente.

O (in) visual traduz um conceito de visualidade que a entende como forma de conhecimento intrínseca e passível de ser apreendida por mais de um sentido, além do da visão. A fotografia ingressa nesta  Perspectiva não apenas como um desafio, mas como um recurso pelo qual o deficiente visual pode produzir e sentir imagens, porque permite, pela intermediação do equipamento que o fato fotográfico ocorra. Para poder apresentar como se constitui a invisualidade é preciso primeiramente desconsiderar a visão como sentido necessário para produzir imagens.



O PROFESSOR QUE PRECISA SENTIR PARA VER

Conforme os PCNs, no âmbito da arte/educação, o indivíduo (portador de necessidades especiais ou não) deverá interagir com uma variedade de materiais naturais ou fabricados para analisar e produzir trabalhos de
Arte. Nesta pesquisa, se empregou a fotografia como uma alternativa para o desenvolvimento da percepção em pessoas deficientes visuais.
Podemos dizer que a fotografia é um dos veículos que, atualmente, possui importância para as culturas contemporâneas. A fotografia é utilizada pelos mais variados meios, com as mais diferenciadas funções,
artísticas ou não. O professor possui um papel fundamental ao mediar o ensino/aprendizagem, pois é responsável na orientação durante o processo de formação do aluno e que atua como um transmissor e os
alunos como receptores de informação e de conhecimento, ou vice-versa.



“MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DE IMAGENS QUE JÁ EXISTEM COMO

IDEIAS”: FOTOGRAFIA COMO RECURSO INCLUSIVO PARA DEFICIENTES
VISUAIS

A Exposição Sight Unseen (“Visão nunca vista”): realizada no Museu de Fotografia da Califórnia, sobre uma série de fotografias feitas por cegos e portadores de deficiências visuais severas. Evgen Bavcar (1994):  ressalta que, em sua experiência, o aparelho fotográfico não é mais do que um aparato técnico com o qual ele tenta exprimir sua situação existencial. Relacionam-se estes dois casos à possibilidade de utilizar a fotografia como uma expressão que trabalha não apenas a visualidade, mas que também faz uso e participa da sensorialidade, dela se beneficiando e a promovendo. Então, é possível empregar a fotografia no ensino de arte para deficientes visuais como também em qualquer outra forma de ensino que possua os mesmos princípios de inclusão e acessibilidade.

O emprego da fotografia com deficientes visuais e cegos pode ser um recurso efetivo e exitoso para trabalhar a percepção sensível e ampliar outras formas de conhecimento sobre a realidade. Embora sendo uma imagem bidimensional, na qual todos os valores inserem-se em uma superfície só apreensível pela visão, a informação contida na fotografia pode ser apresentada às pessoas por outras formas sensoriais.

A pesquisa também contribui com a ampliação do campo onde pode atuar o arte/educador, porque lhe oferece ferramentas para pensar sobre suas capacidades como um agente de inclusão. Observa-se que o ensino de artes visuais, dada sua natureza própria, ocorre sobre e com a visualidade e sobre a apreensão de suas manifestações dominantemente através do sentido da visão. Consequentemente, a formação dos educadores acaba sendo determinada por uma compreensão da arte em essência visual e apreensível só pela visão.

Recursos acessíveis: constituem algumas das alternativas encontradas para trabalhar conteúdos que necessitassem, a princípio, do sentido da visão. Exemplos: fotografias em relevo; representações de obras de arte adaptadas com linhas de contorno táteis; orientação da audiodescrição; texto em braile.

Neste percurso, o fato de encontrar estas maneiras de acessibilidade foi significativo e facilitador para defender a ideia central do artigo. A partir desse pressuposto é possível que a fotografia seja vista como um
recurso de acessibilidade, inclusão, integração e participação de deficientes visuais. Neste trabalho a   fotografia foi estudada como meio inclusivo e recurso acessível para o desenvolvimento e envolvimento dos
deficientes visuais. 

Levanta-se uma questão: “- Por que trabalhar a fotografia com deficientes visuais?” Na qual a resposta parte de uma reformulação da própria pergunta: “- porque ‘não’ trabalhar a fotografia com deficientes visuais?”.

O panorama não é favorável. Falta acesso às informações. Na formação do arte/educador, se conclui que poderiam ser ofertados mais conteúdos referentes ao trabalho com portadores de deficiências auditivas, físicas, motoras, intelectuais e/ou visuais.



Fundamentação Teórica:

BAVCAR. Evgen. Memória do Brasil. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

Objeto de estudo: Evgen utiliza o aparelho fotográfico como um meio de exprimir sua situação existencial e como meio de produção de sentidos.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. 2. ed. Campinas: Papirus, 2008. Objetivo de estudo: Acredita que os fundamentos estéticos da educação durante a formação das pessoas, apresentam potencial para sensibilizá-las a pensar de maneira crítica perante o contexto que estão inseridas e proporcionar através de meios simbólicos e estéticos o desenvolvimento da capacidade intelectiva e racional do ser humano.
HERNANDEZ, Fernando. Cultura Visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Objeto de estudo: Hernández define cultura como “(...) o conjunto de valores, crenças e significações que nossos alunos utilizam para dar sentido ao mundo que vivem” (2000, p. 30).
NEVES, Josélia. Guia de audiodescrição - Imagens que se ouvem. Objeto de estudo:
Propõe o resultado da reunião de diversas investigações com aplicações práticas, envolvendo estudiosos e profissionais vinculados à tradução audiovisual.
SASSAKI, Romeu Kasumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7. ed. Rio de Janeiro: WVA, 2007. Objeto de estudo: Apresenta a inclusão como sendo “um processo de mudança do sistema social comum, para acolher toda a diversidade humana (...). É uma questão de mentalidade, de visão (2008, p. s/p).



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